quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Decisão versão 2.0

Estive em Manvi quase dois meses. Após dois meses decidi abandonar aquela missão, aquela escola e aquele "trabalho". Por diversas razões, mas a maior penso que será por não ter trabalho, não ter nada para fazer. É uma missão com objectivos muito específicos, de dar formação e educação àquelas crianças, infelizmente vi que demasiadas vezes estavam preocupados com outras coisas. E como não sou professor e não tenho grandes competências para trabalhar numa escola, depois de algum discernimento, decidi abandonar, ou melhor, decidi re-centrar e repensar a minha missão. Por isso neste momento vou para Calcutá onde vou trabalhar com as missionárias da caridade, as irmãs de Madre Teresa de Calcutá.
Sei que em Calcutá também vou encontrar muitos defeitos e muitas coisas com as quais não concordo, mas sei que lá tenho trabalho muito específico para fazer. também sei que tanto em Calcutá como em Manvi a minha presença e o meu trabalho não são precisos. Ou seja, é sempre bom ter voluntários, mas se eu não estivesse lá as coisas não deixariam de ser feitas. Também sei que nada vou mudar, vou apenas para trabalhar no que for preciso.
Pode ser arrogância da minha parte esta minha decisão, esta minha vontade de mudar e de experienciar um trabalho diferente, pode ser que sim, mas de certa maneira sinto que tenho que fazer isto. Claro que não vou ter tantas comodidades como em Manvi, não vou ter um quarto só para mim ou a comida dos jesuítas, mas penso que ao ter outros com quem trabalhar vou estar melhor.
Esta é a razão também porque não escrevi nada no último mês, pois não havia nada a contar.

Quando chegar a Calcutá volto a escrever para contar as primeiras impressões que tive em relação aquela gigantesca cidade com mais de 15 milhões de habitantes, a 3ª cidade da Índia com maior densidade populacional e a 13ª do Mundo.

Neste momento estou com o meu amigo Anand que conheci em Manvi. É indiano e está a estudar em Raichur (cidade próxima de Manvi onde vou apanhar o comboio para Calcutá). A sua amabilidade e a sua hospitalidade têm sido incríveis. Não há palavras para descrever, assim como também nunca será possível pagar tal favor. Tenho um quarto e refeições de graça aqui num hostel para estudantes, pagaram-me o bilhete de autocarro e o taxi desde Manvi até aqui. claro que não é muito dinheiro mas para eles é imenso, por isso estas atitudes diariamente me têm comovido.

Para já é só.
Um abraço,

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cultural Program

Sempre que existe algum acontecimento especial, como os anos de um dos jesuítas, um feriado nacional ou de estado, a chegada ou a partida de voluntários ou de patrocinadores da missão é feita uma cerimónia que é chamada de “Cultural Program”. Não é mais do que apresentações feitas pelos alunos da escola, pode ser dança, canto ou simplesmente discursos. Este que de seguida apresento foi num dia em que se celebrava os anos de três padres jesuítas que vivem aqui na missão, dois dos quais foram os criadores e impulsionadores de toda esta missão, daí ser uma cerimónia especialmente complexa, longa e com bastante empenho da parte de todos, dos professores, das crianças, dos auxiliares, das freiras e dos outros jesuítas. Tinha um pequeno vídeo para pôr mas a velocidade da minha internet não permite que tal aconteça, por isso deixo algumas fotografiasa. tenho pena pois comparativamente ao vídeo não deixam perceber tão bem o que é para eles estes programas.
Às vezes sinto que fazem programas a mais, que gastam dinheiro a mais nisto, quando nem todas as crianças têm sapatos ou livros, ou quando têm 3 refeições diárias e são sempre as mesmas.










Um abraço
 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Preguiça

"Laziness is our biggest enemy.", Swamy Vivekanand
"We should learn to love our enemy.", Mahatma Gandhi

A preguiça é sem dúvida um dos meus maiores inimigos, luto contra ela todos os dias e todos os dias ela ganha, ou quase todos. Hoje declarei-lhe guerra e decidi tentar lutar de frente, de igual para igual com ela. O que mais me custa, e quem me conhece sabe bem, é levantar-me de manhã. Não consigo, começo por pensar que só mais 10minutos não faz mal e quando dou por ela dormi mais 2horas e tudo porque sou o melhor mentiroso do mundo e quem mais acredita nas minhas mentiras sou eu próprio.
As crianças dormem 6 horas por dia e ao domingo dormem 7 horas. Como todos sabemos uma criança tem que dormir entre 8 a 10 horas por dia, principalmente as mais pequenas. Aqui a criança sou eu, e não elas. A força e a felicidade com que acordam incomodam-me e mexem comigo. Só penso em como gostaria de ser mais como elas e menos como eu próprio.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quarto

Este é o meu modesto e simples quarto. Tem uma cama, uma pequena mesa onde posso estar a janela a ler ou no computador, tem uma "secretaria" adaptada a comoda com duas prateleiras, onde guardo coisas como os livros, a minha farmácia, o papel higiénico (na casa de banho quando tomo banho pode ficar molhado), o meu espelho, o tabaco, as meias (porque não as uso nunca). A mala é onde guardo a roupa lavada, ao lado da mala tenho um cesto para a roupa suja e depois tenho uma casa de banho onde se fazem as coisas que se fazem numa casa de banho, também tenho um pequeno canto com uma almofada no chão para estar a ouvir música, escrever ou só descansar. Aqui vão algumas fotografias.do antes e do depois.

Antes

Únicos cabides que tenho

Cama com rede mosquiteira

Antiga secretária da escola



Primeira peça de mobília para o quarto - cadeira



Depois

sala de estar

zona chill out


Vista da sala de estar
Armário da roupa, com várias divisões, superior e inferior


trono imperial



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Rotina

Aqui os dias começam muito cedo. As crianças antes de irem para a escola às 9:00 já fizeram mais do que muitos de nós faz numa manhã inteira.


O meu horário é mais ou menos este, pode sofrer algumas alterações, claro.

5:00 Acordar

5:15 Tarefas com as crianças (Estão divididas em grupos, e cada grupo tem uma tarefa semanal que põe em prática todos os dias, tarefas como lavar e limpar o chão do hostel, ajudar na cozinha a preparar o pequeno almoço, limpar as casas de banho, limpar os quartos, etc.)

5:50 Ensaio das músicas para a Missa

6:00 Missa

7:00 Estudar

7:45 Pequeno-almoço

8:15 Arranjarem-se para ir para a escola

8:45 Oração à porta da escola

9:00 As crianças começam as aulas e eu vou para o escritório da escola, onde faço trabalho de secretaria, neste momento estou a traduzir cerca de 300 perfis de crianças, de inglês para português, para se tentar arranjar tutores à distância. Cada criança custa à missão 220€ anuais, estando incluídos os transportes nas férias para irem às aldeias, a comida (3 refeições por dia), os livros, o hostel e o uniforme da escola.

12:30 Saio do escritório

13:00 Almoço na comunidade de jesuítas com os jesuítas e com o casal de australianos que também são voluntários

13:30 Tempo Livre para mim (Posso ir descansar, ir a Manvi, ir estudar inglês, o que eu quiser basicamente)

16:30 As crianças acabam a escola e estou com elas uma hora a fazer jogos, posso ensinar a tocar viola, ensinar rugby (tenho duas bolas) ou futebol (Ainda estou a ver com as crianças e com o Hanand como é que vai ser o horário semanal)

17:30 Banho das crianças

18:00 Comem uns snacks e vão estudar

19:30 Jantar

20:00 tempo livre com as crianças

21:00 As crianças vão dormir

Faço o que eu quiser, mas normalmente convém ir dormir pois os dias são mesmo compridos e se não durmo fico de rastos, como é o caso de hoje. Ontem tive com o Hanand, o meu amigo indiano que também vive no hostel das crianças, no meu quarto. Agora tenho uma pequeno mesa e duas cadeiras no meu quarto onde fiz uma pequenina sala de estar á janela do quarto com uma boa vista. Estivemos até a meia noite a falar, ver diferenças entre Portugal, Europa e Índia, tive lhe a mostrar fotografias de Portugal, etc.

Por hoje fico por aqui.



Um abraço,

sábado, 16 de outubro de 2010

Kishkinda & Hampi

Ontem foi dia de passeio. As crianças estão de férias. Mas algumas (cerca de 40) ficaram na escola durante as férias para ajudar nalguns trabalhos


 Assim e como prémio a missão decidiu oferecer-lhes um dia de passeio. A alvorada foi às 5 da manhã. Partimos por volta das 6:30 em direcção a Kishkinda Resort.


Um mini parque aquático onde as crianças puderam brincar toda a manhã. Infelizmente neste dia não teve tanto calor como nos outros. Contudo deu na mesma para uma pessoa se secar sem toalha (por isso imaginem, quando está calor). À tarde fomos até Hampi a pé. Hampi é uma cidade (acho eu) cheia de templos Hindus.



 Mesmo antes de se chegar a Hampi tem que se atravessar um rio de barco. Eu como estava com a escola estava tranquilo. Mas foi complicadíssimo convencer os donos do barco que eu não era turista e que estava a dar aulas na escola das crianças. A diferença é que eles a um indiano cobram 10 rupias e a um turista cobram cerca de 80 rupias (claro que as 80 rupias eram negociáveis), mas a diferença era bastante, no fim acabei por pagar só 10 rupias. Os Hindus são aqueles que mais ligam ao sistema de castas. Quando íamos a entrar no templo para visitar os seguranças puseram-nos montes de problemas, primeiro por causa das crianças que eram intocáveis e segundo porque estavam com um estrangeiro (eu). Hampi é muito giro e vale muito a pena mas é um local cheio de turismo. Todos os indianos em Hampi têm algo para oferecer, quando não têm nada para oferecer simplesmente conversam só para saber de onde somos. Foi engraçado mas a certa altura estava farto que me oferecessem mapas, postais, bananas, cocos, flautas, rickshaws, etc. Claro que as crianças só se riam. Maior parte das crianças trata-me por “brother”, algumas é porque simplesmente não conseguem decorar o meu nome, outras é por respeito e admiração.

No regresso a Manvi tive o privilégio de uma das filhas das empregadas da casa dos jesuítas vir ao meu colo. Uma miúda linda e muito bem disposta.





Sábado

Sábado aqui é dia de arrumações, então hoje tive a lavar toda a minha roupa e a lavar o meu quarto e a minha casa de banho. Ainda não está exactamente como eu quero, mas está a ficar melhor. Se aquele vai ser o meu quarto durante 6 meses tenho que fazer dele o meu lar.


Um grande Abraço



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Papel Higienico

Ontem fui a Manvi comprar uma serie de coisas, como calcas, swets de manga comprida, pilhas para a minha lanterna e das coisas que mais queria comprar nao consegui, o papel higienico. Aqui a agua e remedio para tudo, mas a primeira, e unica ate agora, vez que a usei nao achei muito confortavel muito menos achar piada. Entretanto hoje de manha falei com o pe. Eric e expliquei-lhe a situacao. Depois de nos rirmos muito os dois, pois a ele aconteceu-lhe exactamente o mesmo quando foi a europa so que ao contrario, ele la ligou a um empregado qualquer e passados uns 10min ja tinha o meu abencoado rolo de papel higienico. Nunca na minha vida fiquei tao contente por ver um rolo de papel higienico. Ainda nao o estreei, mas so a seguranca de saber que tenho um rolo ja ando muito mais feliz. Vou tentar faze-lo durar, vamos ver se e possivel. Pode ser um luxo meu querer papel higienico, mas existem coisas, pelo menos em mim, que sao um bocado sensiveis e dificeis para se mudar os habitos.

Um abraco

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Manvi

So cheguei ha dois dias mas ja deu para perceber varias coisas. a primeira de todas e que a adaptacao nao e facil. Os horarios sao completamente diferentes, as comidas sao diferentes, a maneira de tomar banho e diferente, o proprio uso da casa de banho e diferente. O clima e uma coisa que nao ha palavras para descrever, o calro e tal que se nao dormirmos com a ventoinha do tecto ligada (e um previlegio ter uma) e impossivel pregar olho. A segunda e que os brancos sao completamente idolatrados, no sentido de que o que dizem e o que esta certo pois nos somos da europa.  A escola onde estou fica a 5km da aldeia mas ja todos sabem que aqui estou, alias existem pessoas que vem da aldeia ver o novo branco da missao do "eric father".
Estou em Mavi so a 30 horas e parece que aqui cheguei a um mes. Ainda nao tenho uma rotina predefinida pois as criancas estou de ferias ate a proxima segunda. Contudo existem muitas coisas para fazer mais no ramo da construccao. Contudo a mim e me aconselhado a estar menos activo por causa da desidratacao, ontem ainda trabalhei bastante mas depois mandaram me ir descansar.
Hoje foi a primeira noite que dormi no meu novo quarto, o quarto onde vou dormir nos proximos 6 meses. Ate nem foi uma ma noite tendo em conta a quantidade de bichos que cohabitaram comigo durante a noite e tendo em conta a quantidade de barulhos fora do quarto. Se se passear durante a noite podemos assistir a um autentico espectaculo de pirilampos.
Existem muitas coisas para contar mas nao tenho muito tempo, depois volto a escrever a dar mais noticias.

Um grande abraco

PS - O teclado onde escrevo nao tem acentos, por isso peco desculpa por todos os eventuais erros ortograficos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Viagem

Nestes últimos três dias estive em viagem. Estive em Londres e Oxford, fiz uma pequena escala no Dubai e finalmente cheguei à Índia a Bangalore. Embora este não seja o meu destino final, ainda tenho uma viagem de cerca de 10 horas de autocarro pela frente, é bom começar a sentir e a viver esta cultura tão diferente. O que mais fiquei chocado nestes dias foi as diferenças económicas, entre estes dois países, Inglaterra e Índia. Embora ainda esteja aqui à pouco tempo já tive tempo para dar um voltinha e para perceber e sentir a diferença. Passei de uma das cidades mais caras do Mundo, Londres, onde estive apenas dois dias e sem cometer qualquer extravagância, a não ser uma cerveja que bebi, consegui gastar o que penso gastar aqui na Índia em 3 meses. O que eu gastei em Londres e Oxford serve para alimentar uma família de 4 pessoas aqui por um mês inteiro ou até mais. É incrível as diferenças que se encontram fazendo apenas uma viagem de 11 horas de avião.

Fiz um pequeno vídeo da viagem que fiz desde o meu quarto no Porto até chegar aqui ao meu quarto na comunidade dos jesuítas em Bangalore, mas a internet nao esta muito boa para fazer o upload.

Um grande Abraço a todos, já com imensas saudades.

PS - Escrevi isto em Bangalore. Neste momento ja me encontro em Manvi espero em breve ter acesso com mais regularidade a internet, para actualizar com mais frequencia o blog.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Partida


Parto daqui a poucas horas para Londres, aí estarei 2 dias. Vai ser bom para parar um pouco e cair verdadeiramente na realidade, para aterrar e mentalizar-me dos próximos meses e daquilo que me espera, se bem que imagino que só vou cair na verdadeira realidade quando chegar a pannur.
Os últimos dias foram uma verdadeira loucura com a quantidades de coisas a tratar. A ansiedade de receber o visto ou não a tempo. As malas e o peso permitido. Como distribuir o peso, livros ou roupa? o que é que é essencial? 6 meses? Não tenho roupa suficiente para esse tempo. Mas eu não preciso de muita roupa. E a farmácia e todas as seguranças ocidentais a que estamos (mal) habituados. No fim acabei por levar bastante roupa e uma boa farmácia, espero que o essencial esteja lá no meio e que o acabe por encontrar.

Um grande abraço

PS - A partir de agora não sei que internet terei como tal não sei se vou manter o blog actualizado

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Every Child is Special


Existem filmes que são bons. Que são mesmo muito bons no verdadeiro sentido da palavra. Não são bons por causa do seu enorme orçamento, não são bons porque têm os melhores actores, não são bons porque são de Hollywood. São bons, pois são filmes que nos incomodam, que mexem connosco que nos invadem o espírito e que nos obrigam a repensar certas coisas. Este é um desse filmes, um filme que nos incomoda pela verdade que mostra, que cada criança é especial. A mim, o filme emociona-me não pela sua dureza, mas sim pelo facto de mostrar crianças que são marginalizadas e desprezadas. Isto também acontece na nossa sociedade e isso incomoda-me, assim como o filme me incomoda.

Um abraço

sábado, 18 de setembro de 2010

Doente

Há uns dias estive doente. Segundo o médico que me viu, o meu avô tive uma gastroenterite. Tive com uma diarreia gigante, com umas cólicas fortíssimas e durante uma das noites além da diarreia também vomitava. Como já não comia nada há muitas horas não saia nada e então comecei a vomitar bílis. Tive dores horríveis e pela primeira vez pus em causa a minha ida para a Índia. Pela primeira vez me senti ansioso de ir para a Índia. E se isto me acontece lá? Não tenho uma mãe a quem chamar durante a noite, não tenho um avô médico que me vem visitar a casa que me faz o diagnóstico, receita-me os medicamentos e ainda os vai buscar.

Claro que vou na mesma para a Índia mas talvez pela proximidade da data de partida e pelo susto e medo que isto aconteça de novo, senti pela primeira vez medo. Penso que o medo é bom. Estranho era que eu não tivesse medo. Portanto de certo modo estou contente com esta situação pois pôs-me mais alerta e de certa maneira tenho vontade de me preparar ainda melhor seja do ponto de vista da logística (medicamentos e cuidados a ter lá) seja do ponto de vista humano e espiritual.

Um abraço

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sistema de Castas

O sistema de castas da Índia é uma divisão social importante na sociedade hindu, presente também no Nepal e outros países cuja religião é o hinduísmo.

Na Índia há uma tendência das pessoas em aceitar a opressão das castas nobres sobre a maioria pobre e sofredora. Trata-se de um grupo social hereditário onde o indivíduo não pode fugir do destino que lhe foi imposto. Quem nasceu em castas inferiores não tem o direito de querer melhorar de vida, não pode ter pretensões sociais ou até mesmo espirituais.

As divisões das castas tiveram a seguinte origem;

Os brāhmaṇa (sacerdotes e letrados) nasceram da cabeça de Brahma);
Os kṣatrya (guerreiros) nasceram dos braços de Brahma);
Os vaiśya (comerciantes) nasceram das pernas de Brahma) ;
Os śūdra (servos: camponeses, artesãos e operários) nasceram dos pés de Brahma.

A poeira sob os pés não pertence as castas, porém é denominada "Dalit" ou "Párias). São chamados "intocáveis" porque ousaram violar os códigos das castas a que inicialmente pertenciam. Ninguém ousa tocá-los por serem considerados impuros. Realizam os trabalhos mais humildes.
Mahatma Ghandi deu a eles o nome de "Harijan" (filhos de Deus).

Actualmente a Constituição indiana proíbe a discriminação por esse motivo, porém o sistema de castas continua prevalecendo dentre a maioria da população (80%).

Como estes meses vou estar a trabalhar com "dalits", com os intocáveis, como quero estar o mais próximo possível deles, considero que vou ser um deles, ou que vou tentar ser, daí o nome do blog.
 
Um grande Abraço
 
PS - Está quase tudo tratado para ir, já só falta mesmo a mala e o visto

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Educação

Faz hoje um ano que Obama fez um discurso sobre a educação dirigido às crianças. Foi acusado por alguns conservadores que compararam o discurso a propagandas de regimes autoritários. É um discurso muito bom que vale a pena ler, ou reler.

"Olá a todos. Como estão? Estou aqui com os estudantes do Colégio Wakefield, em Arlington, Virgínia. Estão conectados também estudantes de todo o país, do jardim de infância ao ensino médio. Estou feliz que todos vocês tenham conseguido se unir a nós hoje.

Eu sei que, para muitos, hoje é o primeiro dia na escola. E, para aqueles que estão no jardim, começando o ensino fundamental ou o ensino médio, é o primeiro dia numa escola nova, então é compreensível que estejam um pouco nervosos. Eu imagino que haja ainda veteranos que se sentem muito bem agora, já que falta só mais um ano. E, não importa qual seja sua série, alguns estão, provavelmente, torcendo para que ainda fosse verão e para que pudesse ter ficado na cama um pouquinho mais nessa manhã.

Eu conheço a sensação. Quando eu era jovem, minha família viveu na Indonésia por alguns anos, e minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde todas as crianças americanas estudavam. Então ela decidiu que me daria aulas extras, de segunda a sexta, às 4h30. Eu não ficava feliz de acordar tão cedo. Muitas vezes, eu dormia bem ali, em cima da mesa da cozinha. Mas, sempre que eu reclamava, minha mãe simplesmente me dava um daqueles olhares e dizia 'isso também não é nenhum piquenique pra mim, espertinho'.

Então, eu sei que alguns de vocês ainda estão se acostumando a voltar à escola. Mas estou aqui hoje porque tenho algo importante para discutir com vocês. Estou aqui porque eu quero falar com vocês sobre sua educação e sobre o que se espera de todos nesse ano lectivo.

Eu já dei muitos discursos sobre educação. E eu já falei muito sobre responsabilidade. Eu falei sobre a responsabilidade de nossos professores em inspirá-los e em incentivá-los a aprender. Eu falei sobre a responsabilidade dos seus pais de garantir que vocês permaneçam na linha e façam suas tarefas e não gastem todas as horas de seus dias na frente da TV ou com o seu Xbox [um modelo de videogame].

Eu já falei muito sobre a responsabilidade do seu governo de estabelecer padrões altos, dar apoio a professores e diretores e se voltar para escolas que não estejam funcionando, onde os alunos não estejam recebendo as oportunidades que merecem.

Mas, no fim das contas, podemos ter os mais dedicados professores, os mais apoiadores pais e as melhores escolas do mundo e nada fará diferença a não ser que vocês cumpram com as suas responsabilidades. A não ser que vocês compareçam a essas escolas; prestem atenção nesses professores, ouçam seus pais, avós e outros adultos; e apresentam o trabalho duro necessário para terem sucesso.

E é nisso que eu quero focar: na responsabilidade que cada um de vocês têm sobre a sua educação. Eu quero começar com a responsabilidade que vocês têm sobre vocês mesmos. Todos vocês têm algo em que são bons. Todos vocês têm algo a oferecer. E vocês têm uma dívida consigo mesmos de descobrir o que é isso. Essa é a oportunidade que a educação dá.

Talvez você possa ser um bom escritor --talvez até bom o suficiente para escrever um livro ou artigos em um jornal--, mas você pode não descobrir isso até escrever um trabalho para sua aula de inglês. Talvez você possa ser o próximo inovador, ou um inventor --talvez até bom o suficiente para inventar o próximo iPhone ou um novo remédio ou vacina-- mas você pode não descobrir isso até fazer um projeto para sua aula de ciências. Talvez você possa ser um prefeito, um senador ou um juiz da Suprema Corte, mas você pode não descobrir até entrar em uma organização estudantil ou um time de debates.

E não importa o que você queira fazer com a sua vida --eu garanto que você vai precisar de educação. Quer ser um médico, um professor, um policial? Quer ser enfermeiro, arquiteto, advogado ou militar? Você vai precisar de uma boa educação para todas essas carreiras. Você não pode deixar da escola e cair em um bom emprego. Você precisa trabalhar para isso, treinar e aprender.

E isso não é importante só para a sua vida e o seu futuro. O que você faz com sua educação decidirá nada menos que o futuro desse país. O que você está aprendendo na escola hoje irá determinar se nós, como nação, poderemos enfrentar nossos maiores desafios no futuro.

Você vai precisar do conhecimento e da habilidade de resolver problemas que você aprende em ciências e em matemática para curar doenças como o câncer e a Aids, para desenvolver novas tecnologias de energia e para proteger nosso ambiente. Você vai precisar das ideias e do pensamento crítico que ganha com história e estudos sociais para combater a pobreza e a miséria, crime e discriminação, e fazer nossa nação mais justa e mais livre. Você vai precisar da criatividade e inventividade que você desenvolve em todas as suas aulas para abrir novas empresas que criação nossos empregos e impulsionarão nossa economia.

Nós precisamos que cada um de vocês desenvolve seus talentos, habilidades e intelecto para que vocês ajudem a resolver nossos problemas mais difíceis. Se vocês não fizerem isso, se vocês saírem da escola, vocês não desistem apenas de si mesmos, mas do nosso país.

Eu sei que nem sempre é fácil ir bem na escola. Eu sei que muitos de vocês têm desafios em suas vidas pessoais que podem dificultar o foco nas tarefas. Eu entendo. Eu sei como é isso. Meu pai deixou a minha família quando eu tinha 2 anos, e fui criado por uma mãe solteira que, às vezes, sofria para pagar as contas e nem sempre podia dar as coisas que outras crianças tinham. Houve épocas em que eu senti falta de ter um pai na minha vida. Houve épocas em que eu me sentia solitário e desajustado.

Então, nem sempre eu estive tão focado quanto deveria. Eu fiz algumas coisas das quais eu não me orgulho, e tive mais problemas do que deveria. E minha vida podia ter, facilmente, ido pelo pior caminho. Mas eu tive sorte. Eu tive muitas segundas chances e tive a oportunidade de ir para a faculdade e para o curso de direito, e seguir meus sonhos. Minha mulher, nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida. Nenhum dos nossos pais tinham ido à faculdade, e eles não tinham muito. Mas eles trabalharam duro, e ela trabalhou duro e frequentou as melhores escolas desse país.

Alguns de vocês podem não ter essas vantagens. Talvez vocês não tenham adultos em suas vidas que deem o apoio de que precisam. Talvez alguém na sua família perdeu o emprego e não há dinheiro. Talvez vocês vivam em uma vizinhança onde não se sentem seguros ou tenham amigos que os pressionam a fazer coisas que não são certas.

Mas, no fim das contas, as circunstâncias da sua vida --como vocês é, de onde você veio, quanto dinheiro você tem, o que acontece na sua casa-- não são desculpa para negligenciar suas tarefas de casa ou ter um mau comportamento. Não há desculpa para responder ao seu professor, para matar aulas, para deixar a escola. Não há desculpa para não tentar.

Onde você está agora não precisa determinar onde você vai acabar. Ninguém escreveu seu destino pra você. Aqui na América você escreve o seu destino. Você faz o seu futuro. É isso que jovens como vocês estão fazendo todos os dias, em todo o país.

Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Jazmin não falava inglês quando ela chegou à escola. Quase ninguém da cidade dela foi à faculdade, e os pais dela também não. Mas ela trabalhou duro, tirou boas notas, ganhou uma bolsa na Universidade Brown, e está agora na faculdade, estudando saúde pública, em vias de se tornar a Dra. Jazmin Perez.

Estou pensando em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que luta contra um câncer no cérebro desde os 3. Ele passou por todo tipo de tratamento e cirurgia, e um deles atingiu sua memória, então ele levava muito mais tempo --centenas de horas extras-- para fazer as lições de casa. Mas ele nunca se sentiu mal, e está indo para a faculdade neste outono.

E há ainda Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, em Illinois. Mesmo passando de um abrigo para outro nas piores vizinhanças, ela conseguiu um emprego no centro de saúde da comunidade; iniciou um programa para manter os jovens longe das gangues; e agora está a caminho de concluir o ensino médio com mérito e passar à faculdade.

Jazmin, Andoni e Shantell não são diferentes de nenhum de vocês; Eles enfrentaram desafios em suas vidas, assim como vocês. Só que eles se recusaram a desistir. Eles assumiram toda a responsabilidade por sua própria educação e estabeleceram metas. E eu espero que todos vocês façam o mesmo.

É por isso que, hoje, estou pedindo que cada um de vocês estabeleça suas próprias metas de educação e faça tudo que puder para alcançá-las. Sua meta pode ser simples como fazer sua tarefa e prestar atenção na aula ou reservar um pedaço do dia para ler um livro. Talvez você decida se envolver em uma atividade extracurricular ou ser voluntário em sua comunidade. Talvez você decida defender crianças que estão sendo provocadas ou agredidas por causa daquilo que são ou de suas aparências porque você, como eu, acredita que toda criança merece um ambiente seguro para estudar e aprender. Talvez você decida cuidar melhor de si para ficar mais pronto a aprender.

E, nesse sentido, espero que todos lavem muito as mãos e fiquem em casa quando não estiverem se sentindo bem, para evitar que as pessoas peguem gripe neste outono e inverno.

O que quer que decida fazer, eu quero que você se comprometa. Quero que você realmente trabalhe nisso. Eu sei que, às vezes, você acha, pela TV, que pode ser rico e bem-sucedido sem trabalhar duro --que seu passaporte para o sucesso é ser cantor de rap ou estrela de basquete ou de um reality show quando a probabilidade é que você nunca seja nada disso.

A verdade é que ser bem-sucedido é difícil. Você não vai gostar de todas as disciplinas que estudar. Você não vai se apegar a todos os professores. Nem todas as tarefas vão parecer relevantes para sua vida nesse minuto. E você não vai, necessariamente, se dar bem em tudo da primeira vez que tentar.

Tudo bem. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são aquelas que tiveram mais fracassos. O primeiro 'Harry Potter' de JK Rowling foi rejeitado 12 vezes antes de ser finalmente publicado. Michael Jordan foi cortado do time de basquete de sua escola e perdeu centenas de jogos e errou milhares de lançamentos durante a carreira. Uma vez ele disse: 'Eu falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E por isso eu venci.'

Essas pessoas venceram porque elas entendem que você não pode deixar seus fracassos definirem quem você é --você precisa é deixar que eles te ensinem. Você precisa deixar que eles te ensinem o que fazer diferente da próxima vez. Se você se meter em confusão, não significa que você seja um arruaceiro, mas que precisa se esforçar mais para se comportar. Se você tirar uma nota ruim, não significa que seja burro, mas que precisa estudar mais.

Ninguém nasce sendo bom nas coisas. Você fica bom trabalhando muito. Você não é um atleta da primeira vez que joga um esporte novo. Você não acerta todos os tons da primeira vez em que canta uma música. Você precisa treinar. É o mesmo na escola. Você pode ter que resolver um problema de matemática algumas vezes antes de acertar, ou ler algumas vezes antes de entender, ou fazer alguns rascunhos em um papel antes de ter algo bom o suficiente para apresentar.

Não tenha medo de fazer perguntas. Não tenha medo de pedir ajuda quando precisar. Eu faço isso todos os dias. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, é sinal de força. Mostra que você tem a coragem de admitir que não sabe de algo e de aprender uma coisa nova. Encontre um adulto em quem confie --um pai, um avô ou um professor, um treinador ou um conselheiro-- e peça a eles para te ajudar a continuar na linha e alcançar suas metas.

E mesmo quando você estiver sofrendo, mesmo quando estiver desencorajado, quando sentir que os outros desistiram de você --não desista de você mesmo. Por que quando você desiste de você mesmo, você desiste do seu país.

A história da América não tem pessoas que desistiram quando as coisas se complicaram, mas sim pessoas que continuaram, que tentaram com mais empenho, que amaram o país tanto que não podiam fazer menos do que o melhor.

É a história de estudantes que sentaram onde vocês se sentam, há 250 anos, e enfrentaram uma revolução e fundaram essa nação. Estudantes que sentaram onde vocês se sentam, há 75 anos, e superaram a Grande Depressão e ganharam a guerra mundial; que lutaram pelos direitos civis e puseram o homem na lua. Estudantes que sentaram onde vocês se sentam, há 20 anos, e fundaram o Google, o Twitter e o Facebook e mudaram o modo como nos comunicamos uns com os outros.

Então, hoje, eu quero perguntar a vocês, qual será sua contribuição? Quais problemas você vai resolver? Quais descobertas você vai fazer? O que um presidente que estará aqui em 20 ou 50 anos falará sobre o que vocês fizeram por esse país?

Suas famílias, seus professores e eu faremos tudo que pudermos para assegurar que vocês tenham a educação de que precisam para responder essas perguntas. Eu estou trabalhando duro para consertar suas salas de aulas e comprar os livros, equipamentos e computadores de que precisam para aprender.

Mas vocês têm que fazer sua parte também. Então espero que vocês levem a sério este ano. Espero que vocês deem o melhor de si em tudo que fizerem. Espero coisas grandes de cada um de vocês. Não nos decepcionem --não decepcionem a sua família, o seu país nem você. Façam com que todos fiquem orgulhosos. Eu sei que vocês podem.

Obrigado. Deus os abençoe e Deus abençoe a América."

O discurso está em português do brasil, se preferirem vê-lo em vídeo têm em:

Um Abraço

domingo, 5 de setembro de 2010

Criatividade - Muhammad Yunus Vs Ken Robinson

Dois homens muito diferentes, afastados geograficamente e de gerações diferentes. O mais novo, Ken Robinson, um professor universitário britânico a viver nos Estados Unidos defende que a criatividade é essencial para se poder enfrentar o mundo e o futuro do mundo que ninguém sabe como será, pois muda cada vez mais rápido e é tudo tão imprevisível. Mas afirma, e eu concordo, que as escolas matam a criatividade. Para saberem um pouco mais deixo aqui uma conferência que este deu, está muito boa, tem piada e é bem elucidativa do problema actual dos sistemas de ensino em todo o mundo.

Parte 1 da conferência:


Parte 2 da conferência:

Muhammad Yunus nasceu no Bangladesh em 1940, foi professor universitário de economia e foi o inventor e criador do microcrédito. Foi em 1986 que criou o Banco Grameen – ou banco da aldeia – primeira instituição mundial a praticar o microcrédito, cujo objectivo era conceder empréstimos, sem exigir garantias, às pessoas carenciadas, e que por isso estavam excluídas dos sistemas bancários tradicionais, permitindo-lhes assim desenvolver uma actividade independente e escapar à miséria. Em 1996 recebeu o prémio Internacional Simón Bolívar que recompensa as pessoas que trabalham pela liberdade, independência e dignidade dos povos. Em 2006 Ele e o Banco Grameen receberam o prémio Nobel da Paz. Muhammad Yunus foi um homem criativo, que teve uma ideia e a pôs em prática. À imagem de Ken Robinson também defende a importância da criatividade nas políticas e economias sociais que se devem impôr no mundo. Contudo ficam a saber que o Banco Grameen não foi a sua primeira experiência. Assim percebe-se a importância da criatividade e também a persistência, pois este homem que é o prémio Nobel da Paz também errou e afirma que continua a errar, mas que mais importante de tudo é que aprende com os erros, redefine objectivos e acerta os caminhos.

Dos melhores livros que li até hoje foi o seu, “O banqueiro dos Pobres”. É um livro inspirador que quando se acaba apetece pôr logo mãos à obra. Aconselho mesmo muito.
Para conhecerem um bocadinho melhor o Banco Grameen deixo ainda um vídeo com a história de uma cliente deste banco e que com um pequeno empréstimo de 10 dólares conseguiu mudar a vida e sair da miséria. Desculpem mas não arranjei com legendas, penso que se percebe bem.



Um Abraço

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pannur Mission

Para ficarem a conhecer melhor a missão para onde vou. Trata-se de um grupo de universitários espanhóis que nos últimos 4 anos tem ido para esta missão no verão (1 ou 2 meses) com o objectivo de ajudar, a nível de construção das infra-estruturas necessárias para que a revolução (através da educação) possa ter sucesso. Já se começam a ver alguns resultados mas ainda existe muito trabalho por fazer.

Um abraço

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ser Trabalhador Humanitário

Mostro de seguida um filme que foi preparado pela ONU para o dia mundial humanitário que foi no passado dia 19 de Agosto. Este dia é celebrado para homenagear todos os trabalhadores humanitários e funcionários das Nações Unidas que perderam a vida quando trabalhavam pela causa humanitária.




E se cada um de nós, cristãos ou não, escolhêssemos um projecto social pelo qual déssemos a vida? Ou seja, um projecto com o qual nos comprometêssemos a sério com tudo o que isso implica de deveres e claro de direitos. Agosto está quase a terminar e muitos ainda estão de férias, e se começássemos a pensar num projecto que possa fazer bem a outros, que possa melhorar a sociedade, a nossa pequena sociedade que nos rodeia todos os dias? E se todos fôssemos trabalhadores humanitários? Se fosse não só um trabalho mas um modo de estar na vida? Acredito que o mundo estaria melhor e mais do que isso estaria a caminhar na direcção correcta.
Penso que é um dever nosso fazermos alguma coisa pelos outros. Nós que temos educação, temos valores, não passamos necessidades, somos aqueles que mais responsabilidades temos perante os outros e especialmente perante os que menos têm. Se calhar é só a minha opinião que vale o que vale, mas sinto que vale a pena pensar nisto.
Não sabia como etiquetar este artigo, pensei que talvez entrasse nas opções que vamos tomando na vida, pois mais do que uma atitude perante a vida, penso que é uma decisão que se toma e com a qual nos comprometemos até ao fim, custe o que custar


Um Abraço

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Rastos de Sândalo

Acabei agora de ler este livro que conta a história de 3 crianças órfãs que se encontram 30 anos mais tarde em Barcelona. Cada um com percursos diferentes com vidas diferentes mas ambos com inícios de vida bastante parecidos e atribulados. Basicamente, estas crianças, que entretanto se tornaram adultas, o que procuraram, e acredito que conseguiram, foi a felicidade. Mas o que é isto da felicidade que tantos de nós falamos que tanto se ouve falar no rádio, na televisão, nos autocarros? Será que a felicidade depende do que possuímos, do que alcançamos e do reconhecimento dos outros? Será que é um estado de espírito que varia consoante o tempo? Será que no verão nos sentimos mais felizes por não termos que cumprir regras nem horários, por nos sentirmos mais livres? Será que a liberdade, que sentimos no verão, é a felicidade, é o caminho para a felicidade? Será a felicidade o caminho e não o contrário? E se o segredo estiver na liberdade interior e portanto estejamos onde estivermos com as condições que tivermos podemos ser felizes. Não poderá ser a alegria da vida e de viver (conceitos bastante diferentes, na minha opinião) a felicidade? Mas como é que se alcança essa liberdade interior que parece insistir em fugir?
Se querem que vos diga não sei como é que se alcança se não for com a graça de Deus, mas se souberem de outra maneira avisem. Também existem muitas perguntas aqui que não sei a resposta nem se quer ouso em tentar dar uma. Apeteceu-me partilhar estes pensamentos confusos.

Um Abraço

sábado, 14 de agosto de 2010

Decisão

Foi no passado dia 15 de Julho que tomei a maior decisão da minha vida. Vou para a Índia viver os próximos 9 meses. Foi uma decisão dura e que demorou cerca de 3 meses a ser tomada. Existiam muitos factores a ser tidos em conta, como a decisão de interromper o curso por um ano, deixar a minha Mãe, a Maria, a minha família e amigos sozinhos por um período tão grande. Como a decisão era tão grande e afectava directa e indirectamente muita gente foi com a graça de Deus e a orientação do padre Nuno Tovar de Lemos sj, que mais do que um padre que orientou um processo de discernimento foi e é um grande amigo que estará presente no coração ao longo do próximo ano, que tomei a decisão.
Com a decisão chegou também a necessidade de contar a novidade. Claro que a primeira pessoa que eu queria que soubesse era a minha mãe, uma vez que é sem dúvida alguma a pessoa que mais fez por mim, foi a pessoa que abdicou de tudo e que sozinha, contra tudo e contra todos, e com uma imensidão de problemas me criou e me deu uma educação da qual me orgulho noite e dia. Além da minha mãe era preciso contar à minha família e amigos. 
Após o período de comunicações da boa nova, vem o período de tratar de todos os assuntos práticos, a viagem, passaporte, vistos, vacinas, este blog, coisas a levar e a coisa mais importante de todas a preparação interior para uma experiência que pode ser muito dura. Para começar a preparação decidi que devo tomar conhecimento de uma cultura totalmente nova e completamente diferente do que estou habituado, assim tenho lido, visto filmes e a cima de tudo tenho rezado e pedido a graça de Deus. Se não fosse por Deus e com Deus esta viagem, esta missão não teria sentido para mim. Só com Ele posso aguentar até ao fim.
Quanto ao Blog espero conseguir mantê-lo actualizado, mas ainda não sei quais vão ser as condições que vou ter lá, e mesmo que soubesse não quereria dizer que espero escrever todos os dias, semanas ou meses. Quero sim dizer-vos que o que tiver que ser escrito será escrito e se for pouco é porque tinha que ser pouco e se for muito é porque tinha que ser muito, não estou preocupado com a regularidade ou com a quantidade. Estou mais preocupado que este blog seja mais do que um diário de viagem, espero que seja mais do que um veículo de informação, espero com ele tentar dar a conhecer não só uma realidade nova, espero a cima de tudo que outros possam crescer com ele e que as minhas experiências não sejam minhas mas nossas e acima de tudo que sejam para Ele.
Um Abraço