quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Decisão versão 2.0

Estive em Manvi quase dois meses. Após dois meses decidi abandonar aquela missão, aquela escola e aquele "trabalho". Por diversas razões, mas a maior penso que será por não ter trabalho, não ter nada para fazer. É uma missão com objectivos muito específicos, de dar formação e educação àquelas crianças, infelizmente vi que demasiadas vezes estavam preocupados com outras coisas. E como não sou professor e não tenho grandes competências para trabalhar numa escola, depois de algum discernimento, decidi abandonar, ou melhor, decidi re-centrar e repensar a minha missão. Por isso neste momento vou para Calcutá onde vou trabalhar com as missionárias da caridade, as irmãs de Madre Teresa de Calcutá.
Sei que em Calcutá também vou encontrar muitos defeitos e muitas coisas com as quais não concordo, mas sei que lá tenho trabalho muito específico para fazer. também sei que tanto em Calcutá como em Manvi a minha presença e o meu trabalho não são precisos. Ou seja, é sempre bom ter voluntários, mas se eu não estivesse lá as coisas não deixariam de ser feitas. Também sei que nada vou mudar, vou apenas para trabalhar no que for preciso.
Pode ser arrogância da minha parte esta minha decisão, esta minha vontade de mudar e de experienciar um trabalho diferente, pode ser que sim, mas de certa maneira sinto que tenho que fazer isto. Claro que não vou ter tantas comodidades como em Manvi, não vou ter um quarto só para mim ou a comida dos jesuítas, mas penso que ao ter outros com quem trabalhar vou estar melhor.
Esta é a razão também porque não escrevi nada no último mês, pois não havia nada a contar.

Quando chegar a Calcutá volto a escrever para contar as primeiras impressões que tive em relação aquela gigantesca cidade com mais de 15 milhões de habitantes, a 3ª cidade da Índia com maior densidade populacional e a 13ª do Mundo.

Neste momento estou com o meu amigo Anand que conheci em Manvi. É indiano e está a estudar em Raichur (cidade próxima de Manvi onde vou apanhar o comboio para Calcutá). A sua amabilidade e a sua hospitalidade têm sido incríveis. Não há palavras para descrever, assim como também nunca será possível pagar tal favor. Tenho um quarto e refeições de graça aqui num hostel para estudantes, pagaram-me o bilhete de autocarro e o taxi desde Manvi até aqui. claro que não é muito dinheiro mas para eles é imenso, por isso estas atitudes diariamente me têm comovido.

Para já é só.
Um abraço,